Cooperativismo

Cooperativismo: o que é, história, princípios e objetivos

O cooperativismo é um modelo de negócio que combina crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade. 

Diferente das empresas tradicionais, onde o lucro é o principal objetivo, as cooperativas priorizam a participação democrática e o benefício coletivo, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado.

Ao longo da história, esse modelo tem se mostrado uma alternativa viável para diversos setores, como agropecuária, finanças, saúde e tecnologia, trazendo vantagens como distribuição justa dos lucros, autonomia dos membros e impacto positivo na comunidade. 

Mas como ele realmente funciona? Quais são suas principais características e benefícios?

Neste artigo, vamos explorar a origem do cooperativismo, seus princípios fundamentais, os diferentes ramos de atuação e suas vantagens em comparação com outros modelos de negócio. 

Além disso, entenderemos como esse sistema pode ser uma resposta eficiente para os desafios econômicos atuais, criando oportunidades mais justas e sustentáveis para trabalhadores e empreendedores.

O que é o Cooperativismo?

O cooperativismo é um modelo econômico e social baseado na colaboração e na autogestão, no qual um grupo de pessoas se unem voluntariamente para atender às suas necessidades e aspirações comuns, por meio de uma cooperativa​.

Diferente de empresas tradicionais, onde o objetivo principal é o lucro dos acionistas, nas cooperativas os próprios membros são donos e beneficiários do negócio.

Isso significa que as decisões são tomadas de forma democrática e que os resultados financeiros são distribuídos de maneira justa entre os cooperados ou reinvestidos para o benefício do grupo.

História do cooperativismo

O cooperativismo tem suas raízes no século XIX, durante a Revolução Industrial, quando as condições de trabalho eram precárias e os trabalhadores buscavam alternativas mais justas e sustentáveis para sobreviver economicamente.

O marco inicial do cooperativismo moderno foi a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, fundada em 1844 na Inglaterra. 

Esse grupo de 28 trabalhadores têxteis estabeleceu uma loja comunitária para vender produtos a preços justos e criou regras que se tornaram a base dos princípios cooperativos adotados globalmente.

Desde então, o cooperativismo se expandiu e se consolidou como um modelo econômico viável, promovendo o desenvolvimento sustentável e a inclusão social.

Hoje, as cooperativas atuam em diversos setores e são reconhecidas internacionalmente por seu impacto positivo.

Os 7 princípios do cooperativismo

As cooperativas seguem sete princípios fundamentais definidos pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que guiam suas práticas e valores:

  1. Adesão voluntária e livre: qualquer pessoa pode se associar a uma cooperativa, desde que cumpra os requisitos estabelecidos.
  2. Gestão democrática: os membros têm participação ativa nas decisões, exercendo controle democrático.
  3. Participação econômica dos membros: todos contribuem e compartilham os resultados financeiros da cooperativa.
  4. Autonomia e independência: as cooperativas são organizações autônomas, controladas por seus membros.
  5. Educação, formação e informação: o cooperativismo incentiva a capacitação de seus membros.
  6. Intercooperação: cooperativas devem trabalhar juntas para fortalecer o movimento cooperativista.
  7. Compromisso com a comunidade: a cooperativa deve promover o desenvolvimento sustentável da comunidade onde está inserida.

Qual é o objetivo do cooperativismo?

O cooperativismo busca criar um modelo econômico mais justo, sustentável e colaborativo, baseado na autogestão e no benefício mútuo. 

Seu objetivo principal é proporcionar melhores condições de vida e trabalho para seus associados, promovendo o desenvolvimento social e econômico das comunidades.

Diferente de empresas tradicionais, que visam maximizar lucros para acionistas, as cooperativas priorizam o bem-estar de seus membros e a sustentabilidade do negócio.

Quais são os ramos de atuação do cooperativismo?

O cooperativismo atua em diversos setores da economia. No Brasil, o Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) classifica as cooperativas em sete ramos principais:

  • Agropecuário: voltado à produção agrícola e pecuária.
  • Consumo: fornece produtos e serviços diretamente aos cooperados.
  • Crédito: oferece serviços financeiros, como empréstimos e investimentos (ex.: Sicredi, Sicoob).
  • Saúde: atua em assistência médica e hospitalar (ex.: Unimed).
  • Trabalho, Produção de Bens e Serviços: reúne profissionais autônomos para prestar serviços (ex.: cooperativas de transporte e tecnologia).
  • Infraestrutura: voltado à oferta de serviços como energia e telecomunicações.
  • Transporte: atua no transporte de cargas e passageiros (ex.: cooperativas de táxis e fretamento).

Cada um desses ramos contribui para um modelo econômico mais inclusivo e sustentável.

Como funciona o cooperativismo?

As cooperativas funcionam como sociedades de pessoas, e não de capital. Isso significa que a participação e o poder de decisão são distribuídos igualmente entre os membros, independentemente do capital investido.

O modelo cooperativista se baseia em três pilares:

  1. Autogestão: os cooperados tomam decisões coletivas e participam ativamente na administração.
  2. Distribuição de resultados: os lucros (ou “sobras“) são repartidos proporcionalmente ao uso dos serviços da cooperativa, e não ao capital investido.
  3. Responsabilidade social: a cooperativa deve gerar impacto positivo na comunidade e no meio ambiente.

Quais são as vantagens de uma cooperativa?

As cooperativas oferecem vários benefícios para seus membros e para a sociedade, tais como:

  • Participação democrática: cada membro tem direito a voto, independentemente do capital investido.
  •  Redução de custos: compras coletivas e eliminação de intermediários resultam em preços mais acessíveis.
  • Distribuição justa dos lucros: o retorno financeiro é dividido entre os cooperados, e não concentrado em acionistas.
  • Estabilidade econômica: o modelo cooperativo é mais resistente a crises do que empresas tradicionais.
  • Responsabilidade social: as cooperativas têm compromisso com o desenvolvimento local e práticas sustentáveis.

Como funciona uma cooperativa de tecnologia?

Uma cooperativa de tecnologia segue o modelo cooperativista, mas voltado para o setor de TI, desenvolvimento de software e serviços digitais.

🔹 Funcionamento: os profissionais se reúnem e trabalham de forma colaborativa, prestando serviços de tecnologia para clientes externos.
🔹 Distribuição de renda: os ganhos são repartidos entre os cooperados, e não direcionados a investidores.
🔹 Autonomia: o grupo define projetos e estratégias sem imposições externas.
🔹 Sustentabilidade: o modelo reduz a precarização do trabalho no setor de TI.

Benefícios do cooperativismo?

O cooperativismo traz benefícios tanto para os cooperados quanto para a sociedade como um todo:

Geração de emprego e renda: ajuda a formalizar trabalhadores autônomos e promove a inclusão social.
Desenvolvimento local: o dinheiro gerado por cooperativas tende a circular na própria comunidade.
Sustentabilidade: muitas cooperativas adotam práticas ecológicas e sociais responsáveis.
Menor desigualdade social: o modelo favorece a distribuição justa da riqueza.

Segundo a ACI, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo estão ligadas a alguma cooperativa, reforçando seu impacto positivo na economia global.

Cooperativismo x outros modelos de negócio

O cooperativismo se diferencia de outros modelos de negócio por sua estrutura democrática e seu foco no benefício coletivo. 

Enquanto empresas tradicionais buscam maximizar o lucro para acionistas e startups priorizam crescimento acelerado e inovação, as cooperativas têm como objetivo principal o desenvolvimento sustentável de seus membros e da comunidade ao redor.

Na tomada de decisões, o cooperativismo opera de forma participativa, garantindo que todos os membros tenham voz igualitária, independentemente do capital investido. 

Já nas empresas tradicionais, as decisões são tomadas de maneira hierárquica, favorecendo aqueles que possuem maior participação acionária. 

As startups, por sua vez, costumam adotar um modelo mais ágil, porém centralizado, com fundadores e investidores tendo grande influência nas estratégias do negócio.

Como é feito a distribuição de lucros?

A distribuição de lucros também é um diferencial. Em cooperativas, os resultados financeiros são compartilhados entre os membros, conforme a participação de cada um nas atividades. 

Nas empresas tradicionais, os lucros são direcionados aos acionistas, muitas vezes sem considerar os trabalhadores. Startups optam geralmente por reinvestir os ganhos para expandir rapidamente, com parte do retorno indo para investidores.

Outro ponto relevante é o impacto social. O cooperativismo tem um forte compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento local, promovendo práticas que reduzem desigualdades e fortalecem comunidades. 

Empresas convencionais podem até adotar iniciativas sociais, mas seu foco primário costuma ser o retorno financeiro. Já as startups variam nesse aspecto: algumas nascem com propósito social, enquanto outras priorizam apenas inovação e crescimento.

Por fim, a resiliência a crises econômicas é um fator importante. Cooperativas, por valorizarem a colaboração e a autogestão, costumam ser mais estáveis em tempos de instabilidade financeira. 

Empresas tradicionais enfrentam desafios maiores quando a economia se desacelera, especialmente quando dependem de grandes investidores. Startups, por sua natureza volátil e necessidade constante de capital, são frequentemente mais vulneráveis em cenários de crise.

Essas diferenças tornam o cooperativismo uma alternativa sustentável e equilibrada ao modelo capitalista convencional, demonstrando que é possível conciliar crescimento econômico com justiça social.

Conclusão

O cooperativismo se apresenta como um modelo econômico e social diferenciado, que coloca as pessoas no centro das decisões e busca equilibrar desenvolvimento financeiro, justiça social e sustentabilidade. 

Sua história, iniciada com os Pioneiros de Rochdale, mostrou que é possível construir negócios bem-sucedidos sem depender exclusivamente da lógica do lucro, mas sim da colaboração e da participação democrática.

Com seus sete princípios fundamentais, o cooperativismo se adapta a diversas áreas, desde a agropecuária até a tecnologia, proporcionando vantagens significativas aos seus membros, como autonomia, distribuição justa dos lucros e fortalecimento das comunidades locais. 

Além disso, seu modelo resiliente se mostra mais estável frente a crises, contrastando com empresas tradicionais e startups, que frequentemente priorizam interesses financeiros acima das necessidades coletivas.

Diante dos desafios econômicos e sociais do mundo atual, o cooperativismo surge como uma alternativa viável e promissora para um futuro mais inclusivo e sustentável. 

Seja como consumidor, trabalhador ou empreendedor, conhecer e valorizar esse modelo pode abrir portas para um mercado mais justo e colaborativo, onde o sucesso é compartilhado e o impacto positivo se estende para além dos negócios.

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