O governo dos Estados Unidos detalhou seu novo plano de ação para inteligência artificial, revelando uma estratégia centrada na desregulação agressiva, na facilitação de projetos energéticos e no estímulo à competitividade das empresas locais.
O “AI Action Plan”, como foi batizado o documento, reflete a abordagem do presidente Donald Trump de impulsionar o setor de IA por meio da remoção de entraves regulatórios, combate ao avanço tecnológico chinês e reforço ao papel das empresas americanas como protagonistas da próxima revolução digital.
Entre os principais pontos do plano está a proposta de eliminar regulações ambientais e burocráticas que, segundo o governo, atrasam a construção e operação de data centers, infraestrutura essencial para suportar os modelos de IA.
A flexibilização também se estende ao uso de terras federais, visando acelerar a expansão da capacidade energética em regiões estratégicas. O texto adverte que estados com legislações consideradas excessivamente restritivas, como a Califórnia, podem perder acesso a recursos federais ligados à IA.
No campo normativo, o plano prevê a revisão de diretrizes para o desenvolvimento de IA, com a retirada de menções a diversidade, equidade e inclusão (DEI), mudanças climáticas e desinformação.
Uma agência federal ficará responsável por revisar as regras e garantir que os sistemas mantidos por empresas que firmarem contratos com o governo sejam “objetivos” e livres de “viés ideológico”.
O relatório também aborda o cenário geopolítico e destaca a necessidade de enfrentar a concorrência da China, que vem ganhando terreno com modelos abertos e eficientes como o DeepSeek.
O plano propõe que agências federais apoiem a exportação de tecnologias americanas e restrinjam a influência chinesa no setor, como estratégia de segurança nacional.
“Como nossos competidores globais correm para explorar essas tecnologias, é uma prioridade de segurança nacional para os Estados Unidos alcançar e manter uma dominância tecnológica global inquestionável e inabalável”, declarou Trump no documento.
Em entrevista coletiva, David Sacks, conselheiro para IA e criptoativos da Casa Branca, foi direto: “Achamos que estamos em uma corrida de IA, e queremos que os Estados Unidos vençam essa corrida”.
O plano, no entanto, diverge da abordagem europeia, que recentemente aprovou leis específicas para o controle e supervisão da inteligência artificial.
No entendimento do governo Trump, a regulação deve dar lugar à liberdade de inovação. As discussões também tocam em aspectos culturais e políticos. Setores conservadores acusam os principais modelos de IA de incorporarem vieses liberais, apesar da falta de comprovação técnica.
O plano, ao propor diretrizes para “neutralidade” algorítmica, tenta responder a essas pressões políticas e ideológicas internas.
O AI Action Plan ainda sugere que o governo norte-americano ouça empresas e o público sobre normas que dificultem a adoção de IA e coordene ações com outras agências para mitigar gargalos burocráticos.
Espera-se que novas medidas sejam anunciadas nas próximas semanas para atender às demandas energéticas das big techs e fortalecer a infraestrutura crítica necessária para manter os EUA na liderança global da inteligência artificial.
Foto:History in HD/Unsplash
