O Google afirmou que cada resposta do Gemini, seu chatbot de inteligência artificial, consome apenas cinco gotas de água, volume equivalente a assistir nove segundos de TV.
A big tech também declarou que cada interação gera cerca de 0,03 gramas de dióxido de carbono. No entanto, um estudo conduzido por pesquisadores norte-americanos aponta discrepâncias significativas e acusa a empresa de omitir dados ambientais relevantes.
Segundo reportagem do The Verge, o cálculo do Google não leva em conta o consumo indireto, como a água utilizada no resfriamento de data centers, justamente um dos pontos mais críticos para regiões afetadas pela escassez hídrica.
Para o professor Shaolei Ren, da Universidade da Califórnia, as estimativas da big tech escondem informações cruciais e “espalham a mensagem errada para o mundo”.
O estudo de Ren considera o consumo total, direto e indireto, e estima que cada resposta do Gemini gaste cerca de 50 mililitros de água, muito acima do número divulgado pelo Google. Ele também ressalta que o relatório da companhia deixou de fora métricas mais transparentes, como as emissões “baseadas na localização”.
Esses números, que costumam ser mais altos do que os “baseados no mercado”, oferecem um retrato mais realista do impacto ambiental, mas foram ignorados pela empresa.
Outro ponto de preocupação é a crescente demanda energética dos modelos de IA. O funcionamento em larga escala já pressiona a reativação de usinas nucleares e a gás, ambas dependentes de grandes volumes de água para operação.
Especialistas alertam que o impacto ambiental tende a aumentar à medida que esses modelos se tornam mais utilizados.
O relatório do Google sobre o Gemini não passou por revisão independente, mas a empresa afirmou que isso pode ocorrer no futuro. Em comunicado, a porta-voz Mara Harris disse que a companhia está comprometida em melhorar a eficiência e reduzir impactos.
Apesar do discurso, os dados mostram que as emissões totais de carbono do Google cresceram 11% em 2024 e já acumulam alta de 51% desde 2019.

