O avanço dos data centers de inteligência artificial pode redefinir o cenário energético do Brasil e ajudar a impulsionar o setor de energia eólica nos próximos anos.
Em 2025, houve um aumento nas contratações de energia proveniente de fontes renováveis, especialmente dos ventos, para atender às necessidades dessas estruturas de alto consumo.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), 15,5% da energia brasileira em 2024 foi gerada por parques eólicos, hoje, o país conta com 1.143 empreendimentos e 11.990 aerogeradores em operação em 12 estados, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Apesar da relevância, o setor atravessa um momento de desaceleração. Em entrevista ao G1, Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica, classificou o cenário como “de crise”, explicando que 80% da cadeia produtiva é nacional, o que faz com que a queda nas contratações afete diretamente a indústria e o emprego.
Entre os principais fatores apontados estão o baixo crescimento econômico e a redução nos investimentos em novas usinas. “A queda nas contratações tem impacto direto na manutenção das fábricas e na geração de empregos. Precisamos de novos motores de demanda”, afirmou Gannoum.
A expectativa de recuperação vem justamente do boom da IA. A presidente da ABEEólica destacou que 2025 marcou um avanço nas contratações de energia eólica para data centers, e os efeitos desse movimento devem ser percebidos a partir de 2027, quando as novas estruturas começarem a operar.
“Agora em 2025 a gente já está assinando mais contratos, principalmente de data center, que é um tipo de demanda muito diferente daquilo que a gente estava acostumado”, explicou Gannoum.
Com a expansão da inteligência artificial e o aumento no número de supercomputadores e servidores instalados no país, cresce também a necessidade de fontes de energia limpa e estável, capazes de suprir o consumo elevado e constante dessas operações.
Para atender à nova demanda, o Brasil deve intensificar os investimentos em parques eólicos offshore, estruturas instaladas no mar que aproveitam ventos mais fortes e regulares, resultando em maior eficiência energética.
A tecnologia, já consolidada em países europeus, está em estágio inicial de implantação no país, mas pode se tornar um pilar da transição energética brasileira.
Com a expansão dos data centers de IA e a necessidade de energia sustentável, a energia eólica surge como uma das principais candidatas a impulsionar o novo ciclo de crescimento verde do Brasil.

