O rápido avanço da inteligência artificial voltou ao centro do debate após um alerta vindo da própria indústria.
A DeepSeek, startup chinesa que ganhou destaque mundial com o lançamento de seu chatbot no início do ano, defendeu que empresas de tecnologia assumam responsabilidade social diante do risco de milhões de demissões provocadas pela automação.
O pronunciamento foi feito pelo pesquisador Chen Deli, durante uma conferência organizada pelo governo da China. Foi a primeira manifestação pública da empresa desde fevereiro, quando o fundador e CEO Liang Wenfeng se reuniu com o presidente Xi Jinping em um encontro televisionado com empresários.
“Nos próximos 10 a 20 anos, a IA pode assumir a maior parte do trabalho realizado por humanos, e a sociedade enfrentará um enorme desafio. As empresas precisam agir como defensoras dos funcionários”, afirmou Deli. “Sou entusiasta da tecnologia, mas vejo o impacto que ela pode ter na sociedade de forma negativa.”
O modelo de IA da DeepSeek se destacou por sua capacidade de raciocínio complexo e pelo baixo custo de desenvolvimento.
O sistema foi treinado com investimento estimado em US$ 6 milhões, muito abaixo dos mais de US$ 60 milhões exigidos por modelos concorrentes como o Llama 3.1, da Meta.
A tecnologia utiliza aprendizado por reforço, permitindo que o modelo aprenda por tentativa e erro, e ativa apenas frações específicas de seus parâmetros conforme a tarefa, estratégia que reduz o consumo de energia e de recursos computacionais.
Além disso, a startup mantém um modelo parcialmente aberto, que permite o acesso de pesquisadores aos algoritmos, estimulando a colaboração científica global e a democratização da IA avançada.
Apesar dos avanços técnicos, as declarações da DeepSeek refletem uma preocupação crescente no setor: o impacto da inteligência artificial sobre o mercado de trabalho. O alerta surge em um momento em que grandes empresas de tecnologia, especialmente nos Estados Unidos e na China, enfrentam críticas por cortes em massa ligados à automação.
Para a DeepSeek, o desafio não é frear o progresso, mas encontrar mecanismos que protejam os trabalhadores e promovam uma transição equilibrada. “A tecnologia é positiva, mas precisa vir acompanhada de responsabilidade social”, concluiu Chen Deli.

