Os data centers passaram a receber mais investimentos globais do que a exploração de novas reservas de petróleo.
Segundo relatório recente da Agência Internacional de Energia (IEA), os gastos com esses centros de processamento devem alcançar US$ 580 bilhões em 2025, cerca de US$ 40 bilhões a mais do que os investimentos previstos para novas fontes de petróleo.
O dado confirma uma transformação profunda na economia global, cada vez mais sustentada pela digitalização e pela inteligência artificial.
A IEA prevê que o consumo de energia dos data centers voltados à IA deve crescer cinco vezes até o fim da década, o que representa o dobro do consumo atual de todas as instalações do tipo. Mesmo os centros convencionais devem ampliar a demanda, embora em ritmo mais moderado.
Cerca de metade desse aumento ocorrerá nos Estados Unidos, enquanto Europa e China concentrarão boa parte do restante.
A maioria dos novos projetos está localizada em grandes cidades, acima de 1 milhão de habitantes, e 50% das novas construções terão capacidade superior a 200 megawatts, formando grandes polos de infraestrutura digital.
Esse crescimento traz gargalos importantes. A IEA aponta sobrecarga nas redes elétricas, escassez de cabos e transformadores e demora nas conexões como os principais desafios.
Em regiões como o norte da Virgínia (EUA), o tempo de espera para ligação à rede pode chegar a dez anos, enquanto em Dublin (Irlanda), novas interconexões estão suspensas até 2028.
Apesar das limitações, a IEA estima que a maior parte da energia usada pelos data centers será renovável até 2035.
A energia solar desponta como principal fonte, seguida por gás natural e pequenas usinas nucleares modulares.
A expectativa é que, ao longo da próxima década, 400 terawatts-hora da eletricidade consumida por esses centros venham de fontes limpas, contra 220 TWh de gás natural e 190 TWh da energia nuclear modular.
Empresas como Amperesand e Heron Power já trabalham em transformadores de estado sólido, capazes de integrar melhor fontes renováveis e aumentar a eficiência energética.
As primeiras implementações estão previstas para os próximos anos, e a tecnologia é vista como essencial para sustentar o ritmo de crescimento do setor.
O relatório da IEA reforça que os data centers se tornaram pilares da economia global, essenciais para o avanço da IA, da computação em nuvem e dos serviços digitais.
Ao mesmo tempo, alerta que sem soluções sustentáveis de energia e infraestrutura, o crescimento do setor pode enfrentar gargalos nos próximos anos.
A expansão da infraestrutura digital, agora mais valiosa que o petróleo, reposiciona a energia como o eixo central da economia tecnológica, consolidando uma transição em que eficiência, segurança e sustentabilidade passam a caminhar lado a lado.

