A expansão do trabalho autônomo no Brasil tem alterado o perfil de quem busca previdência complementar.
Segundo dados do IBGE, o país já reúne mais de 7 milhões de profissionais PJ e 15 milhões de MEIs, resultado de um avanço de 145% no número de autônomos formalizados entre 2020 e 2025.
Esse movimento ampliou o interesse por alternativas de proteção financeira de longo prazo, especialmente entre trabalhadores com renda variável.
O crescimento mais rápido dos rendimentos dos profissionais por conta própria, em comparação aos empregados formais, reflete mudanças estruturais do mercado de trabalho.
A digitalização dos serviços, a adoção de modelos de contratação flexíveis por setores como tecnologia e saúde e o aumento da participação de profissionais mais qualificados têm contribuído para elevar a renda média desse grupo.
A recuperação econômica após a pandemia também influenciou o cenário. Muitos trabalhadores que atuam de forma independente voltaram ao mercado em setores de maior dinamismo, enquanto empresas adotaram contratos mais flexíveis, atraindo perfis experientes e com maior mobilidade.
Sem benefícios como FGTS, 13º salário ou contribuições automáticas ao INSS, autônomos têm buscado mecanismos capazes de oferecer estabilidade sem comprometer a autonomia.
Nesse contexto, a previdência complementar tornou-se uma opção cada vez mais presente no planejamento financeiro do setor.
Cooperativas têm ganhado espaço entre profissionais de renda variável por oferecer soluções de caráter coletivo, contas individuais e estrutura voltada exclusivamente à proteção previdenciária.
Segundo especialistas da área, essas instituições atendem diretamente demandas de quem trabalha com flexibilidade e precisa construir reservas próprias.
A integração de cooperativas em sistemas como Ailos e Unicred ampliou o acesso de profissionais de saúde, engenheiros, especialistas em tecnologia e empreendedores a planos previdenciários de longo prazo.
Dirigentes do setor destacam que a previsibilidade e o senso de pertencimento associados ao modelo atraem trabalhadores autônomos.
Dados recentes do Ministério da Previdência mostram que o sistema de previdência complementar soma R$ 3,02 trilhões em recursos, o equivalente a 25% do PIB, e atende 957 mil aposentados e pensionistas.
No período de 12 meses, foram pagos R$ 102,4 bilhões em benefícios. As entidades fechadas, categoria da qual a Quanta faz parte, concentram R$ 1,34 trilhão e 95% do total de benefícios pagos.
Entre os autônomos, três fatores explicam o avanço da demanda por previdência complementar: aumento da renda no curto prazo, ausência de mecanismos de proteção típicos da CLT e necessidade de criar reservas em um ambiente profissional mais sujeito a oscilações.
O crescimento do trabalho independente indica uma reorganização do mercado, marcada por maior autonomia, variação de rendimentos e trajetórias profissionais menos lineares.
Nesse cenário, cooperativas têm consolidado presença ao oferecer previsibilidade, governança e custos adequados para quem precisa construir segurança financeira sem abrir mão da flexibilidade.
À medida que o número de trabalhadores fora do modelo tradicional aumenta, cresce também a busca por instrumentos capazes de transformar renda variável em proteção futura, tendência que deve continuar acompanhando as mudanças no perfil ocupacional do país.
Foto: Leohoho/Unsplash

