Enquanto as big techs ampliam receitas com serviços e componentes para o setor de inteligência artificial, as startups que dependem dessa infraestrutura acumulam prejuízos expressivos.
A equação é simples: quanto mais as desenvolvedoras de IA avançam, mais as gigantes da tecnologia faturam com a venda de chips, nuvem e energia computacional.
De acordo com estimativas de mercado, a OpenAI, criadora do ChatGPT, registrou prejuízo superior a US$ 12 bilhões no trimestre encerrado em setembro, um dos maiores já vistos entre empresas privadas de tecnologia.
Embora a companhia não publique balanços oficiais, os cálculos baseiam-se em sua parceria com a Microsoft.
A Anthropic, responsável pelo chatbot Claude e apoiada pela Amazon, enfrenta situação semelhante. As duas startups gastam bilhões com infraestrutura e equipes de engenharia altamente especializadas, o que eleva de forma constante seus custos operacionais.
Entre os compromissos da OpenAI com as big techs estão:
- US$ 250 bilhões em serviços de nuvem da Microsoft;
- US$ 300 bilhões em contratos com a Oracle;
- US$ 38 bilhões em infraestrutura da Amazon;
- US$ 22 bilhões em acordos com a CoreWeave.
Esses números ajudam a explicar o boom global dos data centers, que têm garantido lucros crescentes às gigantes de tecnologia.
As previsões da OpenAI indicam que a empresa deve faturar US$ 13 bilhões em 2025, com expectativa de dobrar o valor até 2027. Mas as despesas devem crescer ainda mais rápido, as perdas podem chegar a US$ 40 bilhões até 2027, com equilíbrio financeiro previsto apenas para 2030.
Esse descompasso revela o custo real da revolução da IA: uma corrida por inovação sustentada pelo capital de risco e pelo suporte das big techs.
Caso o interesse de investidores diminua ou o setor desacelere, o impacto pode comprometer toda a cadeia de financiamento que hoje mantém o ecossistema em expansão.
A relação entre as big techs e as startups de IA é de interdependência. As primeiras lucram com a infraestrutura que vendem, especialmente chips, servidores e computação em nuvem, enquanto as segundas dependem dessa base tecnológica para treinar modelos cada vez maiores e mais complexos.
Empresas como a Nvidia, líder mundial em chips de IA, estão entre as maiores beneficiadas. Já Microsoft, Amazon e Google lucram com contratos bilionários de nuvem e processamento de dados.
Mas analistas alertam que o entusiasmo pode esconder riscos. Se as startups não transformarem seus produtos em negócios rentáveis, o atual modelo pode se tornar insustentável, colocando em xeque o ritmo de crescimento que impulsiona o setor.
A Meta, por exemplo, investe no projeto Hyperion, um data center avaliado em US$ 30 bilhões, financiado em parceria com o fundo Blue Owl Capital.
A empresa combina instrumentos de private equity, financiamento de projeto e títulos de dívida para bancar o empreendimento, um sinal de como as big techs estão reinventando o financiamento da infraestrutura digital.
Enquanto isso, startups como OpenAI e Anthropic seguem alimentando essa engrenagem, transformando prejuízos bilionários em lucros para as gigantes que dominam os bastidores da inteligência artificial.
Fonte: Unsplash

