O Brasil deixa de ganhar cerca de R$ 1,08 trilhão por ano devido a ineficiências nos processos de aprendizagem associados a três etapas de transição no ciclo de trabalho, segundo a pesquisa Perdidos na Transição, realizada pela multinacional de educação Pearson.
As perdas equivalem a 9,19% do PIB de 2024, a maior proporção entre os mercados analisados, que incluem Canadá, Estados Unidos, Reino Unido (via estados de Nova York e Califórnia), Austrália e outros países.
O estudo identifica como principal gargalo a passagem de um emprego para outro. No Brasil, esse processo gera perda anual estimada em R$ 701 bilhões, cerca de 65% do prejuízo total.
A recolocação de trabalhadores leva, em média, 42 semanas, tempo superior ao observado em economias como Canadá (18 semanas) e Reino Unido (32 semanas). A Pearson calcula que reduzir esse período em 20% poderia gerar ganhos de aproximadamente R$ 140 bilhões anuais.
Além da transição entre empregos, a pesquisa destaca o impacto da automação. Estima-se um prejuízo de R$ 241 bilhões anuais, decorrente de disrupções tecnológicas, o equivalente a 22% do total perdido.
Cerca de 32% dos empregos do país estão sob alto risco de substituição por automação, porcentagem superior à de países como Austrália (26%) e Estados Unidos (22%).
Para Cinthia Nespoli, CEO da Pearson no Brasil, há um descompasso entre o que educação e mercado entregam e o que a economia demanda.
Ela também destacou que um quinto dos jovens de 18 a 24 anos não estuda nem trabalha, o que agrava o problema. Investimentos em formação e requalificação seriam, segundo ela, essenciais para aproveitar melhor o potencial dessa população.
Outra etapa crítica mencionada no estudo é a transição da educação para o mercado de trabalho, considerada um “desafio significativo” que pode comprometer rendimentos ao longo da vida.
A pesquisa sugere duas prioridades para políticas públicas: enfrentar o desemprego estrutural por meio de programas de qualificação e reinserção mais rápida, e preparar o país para os efeitos da automação antes que ela se torne a principal fonte de disrupção econômica.

