O encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump na Cúpula da Asean, na Malásia, trouxe otimismo ao setor externo brasileiro, mas a boa notícia política veio acompanhada de um alerta econômico.
A China, principal compradora da soja brasileira, voltará a importar o grão dos Estados Unidos, segundo declaração do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, neste domingo (19).
Após se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, Bessent afirmou que os agricultores norte-americanos “se sentirão muito bem com o que está acontecendo nesta e nas próximas temporadas”, indicando que as negociações avançaram positivamente e que a Casa Branca vê na retomada das compras um passo estratégico para a relação entre as duas potências.
A retomada do comércio do grão foi um dos temas das tratativas que antecedem a reunião entre Trump e Xi Jinping, marcada para quinta-feira (24), durante a Cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), na Coreia do Sul.
Os países buscam reduzir as tensões comerciais que levaram Pequim a suspender as compras de soja americana após trocas de acusações e novas tarifas impostas nos últimos meses.
Desde o início da atual safra, em setembro, a China vinha substituindo as importações dos EUA por compras recordes do Brasil e da Argentina, favorecendo as exportações brasileiras e ajudando a sustentar os preços internos do grão.
Com o anúncio da reaproximação entre Washington e Pequim, especialistas avaliam que o Brasil pode enfrentar uma redução no volume de exportações e pressão sobre os preços internacionais, especialmente se a China diversificar novamente seus fornecedores.
Apesar do impacto econômico, a reunião entre Lula e Trump foi vista como um gesto diplomático importante e sinalizou uma tentativa de reaproximação entre Brasil e Estados Unidos após meses de tensão provocados pelo tarifaço americano.
Enquanto isso, no cenário geopolítico mais amplo, o agronegócio brasileiro acompanha com cautela as negociações entre as duas maiores economias do mundo, um movimento que, embora positivo para o equilíbrio global, pode alterar significativamente o fluxo comercial do principal produto de exportação do país.
Foto: Dominic Kurniawan Suryaputra/Unsplash

