o que é uma cooperativa

Cooperativa: o que é e como funciona?

O Brasil possui mais de 4.800 cooperativas em diversos setores, incluindo agropecuário, crédito, saúde, transporte, infraestrutura e consumo.

São aproximadamente 20,5 milhões de cooperados, um aumento significativo em comparação com os 15,5 milhões de anos anteriores.

O cooperativismo emprega diretamente mais de 500 mil pessoas, sem contar os milhões de trabalhadores indiretos beneficiados pelo sistema. Em 2022, as cooperativas brasileiras movimentaram cerca de R$ 650 bilhões na economia.

O que é uma cooperativa?

De acordo com a Lei 12.690/2012, uma cooperativa é, basicamente, uma sociedade composta por trabalhadores para a efetivação de suas atividades.

O método criado no século XIX se baseia em proveito comum, autogestão e autonomia e tem como objetivo a melhor qualificação, renda e condições gerais de trabalho de todos os associados.

As cooperativas são compostas por especialistas de uma mesma área, dispostos a executar seus trabalhos em uma parceria, como exemplo, podemos ter uma cooperativa de dentistas ou de advogados.

Cooperativa singular

Cooperativa singular é o 1º grau, caracterizada por ser uma cooperativa para pessoas. Seu intuito é prestar serviços direto aos associados e é formada por, no mínimo, 20 cooperados. Geralmente, não permite a admissão de pessoas jurídicas, mas em alguns casos, a possibilidade é prevista, desde que o indivíduo não opere no mesmo segmento econômico.

Cooperativa central

O 2º grau, destinado a cooperativas para cooperativas. Essa categoria é formada por três cooperativas singulares, pelo menos. Desse modo, o propósito é organizar os serviços das filiadas, facilitando e aumentando sua utilização.

História do cooperativismo

A primeira cooperativa surgiu na Inglaterra em 1884. Hoje é o principal e mais difundido sistema de trabalho na Europa, Estados Unidos e Japão. 

Mais que um modelo de negócios, o cooperativismo ou cooperativa de serviços é uma filosofia de vida que busca transformar o mundo em um lugar mais justo, equilibrado e com melhores oportunidades para todos. 

Um caminho que mostra que é possível unir desenvolvimento econômico e desenvolvimento social, produtividade e sustentabilidade, o individual e o coletivo.

Tudo começa quando as pessoas se juntam em torno de um mesmo objetivo, em uma organização onde todos são donos do próprio negócio. E continua com um ciclo que traz ganhos para as pessoas, para o país e para o planeta.

Cooperativismo no mundo

Existem mais de 3 milhões de cooperativas em operação ao redor do mundo. O cooperativismo já é a fonte de renda de aproximadamente 1,2 bilhão de pessoas globalmente. As 300 maiores cooperativas do mundo movimentam juntas mais de 2,1 trilhões de dólares anualmente.

Como funciona uma cooperativa?

Uma cooperativa funciona como uma sociedade de pessoas que se unem voluntariamente para atender a necessidades comuns, seja na produção, no consumo, no crédito ou na prestação de serviços. 

Diferente de empresas tradicionais, onde há patrões e empregados, nas cooperativas todos os membros são sócios e têm direito a voz e voto nas decisões, independentemente do capital investido.

As cooperativas operam seguindo princípios do cooperativismo, como adesão voluntária, gestão democrática, participação econômica dos membros, autonomia, independência e interesse pela comunidade. 

Os cooperados contribuem financeiramente para manter a estrutura da organização e, ao final de cada ciclo, os resultados (sobras) são divididos proporcionalmente à participação de cada um.

A administração de uma cooperativa é feita por um conselho eleito pelos próprios cooperados, garantindo que as decisões sejam tomadas de forma coletiva e transparente. 

Além disso, elas são regulamentadas pela Lei 5.764/1971, que estabelece regras específicas para seu funcionamento e assegura a ausência de vínculo empregatício entre cooperados e a cooperativa.

Esse modelo fortalece a economia colaborativa, permitindo que profissionais e produtores tenham acesso a melhores condições de trabalho, financiamento e mercado, sempre de forma sustentável e participativa.

Quais são os tipos de cooperativas existentes no Brasil?

No Brasil, o cooperativismo é regulamentado pela Lei 5.764/1971 e se divide em sete ramos principais, cada um atendendo a diferentes setores da economia e necessidades da sociedade.

Agropecuária

As cooperativas agropecuárias são fundamentais para o desenvolvimento do agronegócio, reunindo produtores rurais para otimizar a produção agrícola, pecuária, extrativista e pesqueira. 

Elas possibilitam a compra coletiva de insumos, a comercialização conjunta dos produtos e o acesso a tecnologias que aumentam a produtividade e a competitividade no mercado. 

Um dos exemplos mais conhecidos são as cooperativas de leite, café e soja, que garantem melhores condições de negociação para os produtores.

Consumo

As cooperativas de consumo surgem para facilitar a aquisição de bens e serviços a preços mais acessíveis. 

Ao se unirem, os cooperados conseguem melhores condições de compra e distribuição de produtos essenciais, como alimentos, eletrodomésticos e até combustíveis. 

Supermercados cooperativos e centrais de compras organizadas são exemplos desse modelo, que busca oferecer qualidade e economia aos seus associados.

Crédito

No setor financeiro, as cooperativas de crédito desempenham um papel fundamental ao oferecer produtos e serviços bancários de forma mais acessível. Elas funcionam como instituições financeiras cooperativas, proporcionando crédito, investimentos e outros serviços com taxas mais vantajosas do que os bancos tradicionais. 

Organizações como Sicoob, Sicredi e Unicred são referências nesse segmento, permitindo que comunidades e pequenos empresários tenham acesso a financiamento e gestão financeira eficiente.

Infraestrutura

As cooperativas de infraestrutura são responsáveis por levar serviços essenciais, como energia elétrica, telecomunicações e saneamento, a regiões que muitas vezes não seriam atendidas por grandes empresas. 

Elas são comuns em áreas rurais, onde cooperados se organizam para garantir o fornecimento de eletricidade e outros serviços básicos, promovendo desenvolvimento e inclusão social.

Na área da saúde, as cooperativas médicas e odontológicas oferecem atendimento de qualidade a seus associados. Esse modelo permite que profissionais da saúde se organizem para oferecer serviços médicos e hospitalares a preços acessíveis. 

Um exemplo amplamente conhecido é a Unimed, que atua como uma rede cooperativa de médicos e hospitais, além da Uniodonto, voltada para a odontologia. 

Essas cooperativas são essenciais para garantir a ampliação do acesso à saúde suplementar no Brasil.

Trabalho e produção

As cooperativas de trabalho e produção reúnem profissionais autônomos de diferentes áreas para oferecer serviços qualificados ao mercado. 

Esse modelo é utilizado por trabalhadores da construção civil, tecnologia da informação, ensino e outros setores que desejam atuar de forma independente, mas com benefícios semelhantes aos de uma estrutura empresarial. 

Elas permitem que os profissionais tenham autonomia, mas também acesso a oportunidades e segurança jurídica na prestação de serviços.

Transporte

Por fim, as cooperativas de transporte organizam trabalhadores do setor para garantir melhores condições de trabalho e remuneração. Esse ramo inclui taxistas, motoristas de transporte escolar, motofretistas e condutores de cargas, que se unem para compartilhar custos, negociar contratos coletivos e melhorar sua competitividade no mercado.

Princípios do Cooperativismo

O cooperativismo é fundamentado em valores e princípios que promovem a colaboração, a autonomia e o desenvolvimento sustentável. Entre os principais princípios do cooperativismo estão:

  1. Adesão voluntária e livre – Qualquer pessoa pode se associar a uma cooperativa, sem discriminação de gênero, raça, classe social ou crença.
  2. Gestão democrática – As cooperativas são controladas por seus membros, que participam ativamente das decisões e votações.
  3. Participação econômica dos membros – Os cooperados contribuem financeiramente para a cooperativa e compartilham seus resultados de maneira justa.
  4. Autonomia e independência – As cooperativas são organizações autônomas, que mantêm sua independência mesmo ao estabelecer parcerias.
  5. Educação, formação e informação – Capacitação contínua dos cooperados para garantir um crescimento sustentável e informado.
  6. Intercooperação – Cooperativas trabalham em conjunto para fortalecer o movimento e ampliar benefícios para seus membros.
  7. Interesse pela comunidade – Além dos interesses próprios, as cooperativas também buscam contribuir para o bem-estar social e econômico das comunidades onde atuam​.

Conclusão

O cooperativismo é um modelo econômico e social que vem transformando a vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo.

Com base na união, na autogestão e na colaboração, as cooperativas possibilitam que trabalhadores e produtores tenham acesso a melhores condições de trabalho, crédito, infraestrutura e comercialização, promovendo inclusão social e desenvolvimento sustentável.

No Brasil, as cooperativas desempenham um papel fundamental em diversos setores da economia, desde a agropecuária até o crédito, a saúde e o transporte. Seu impacto é expressivo, com mais de 20,5 milhões de cooperados e uma movimentação econômica de bilhões de reais anualmente.

Além disso, o cooperativismo se destaca por sua governança democrática, onde cada associado tem voz ativa e participação na tomada de decisões, fortalecendo um modelo de negócios mais justo e equitativo.

No cenário global, o cooperativismo se consolida como uma alternativa viável e eficiente para a geração de renda e bem-estar, beneficiando mais de 1,2 bilhão de pessoas e movimentando trilhões de dólares anualmente.

Sua estrutura colaborativa permite que indivíduos e comunidades alcancem crescimento econômico sem abrir mão de princípios como solidariedade, sustentabilidade e responsabilidade social.

Diante de um mundo em constante transformação, o cooperativismo se apresenta como um modelo inovador e resiliente, capaz de oferecer soluções econômicas e sociais sustentáveis.

À medida que mais pessoas e organizações reconhecem seu potencial, as cooperativas seguem como agentes essenciais para a construção de um futuro mais próspero, equilibrado e inclusivo para todos.

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