Em 2024, as cooperativas de crédito se consolidaram como protagonistas do sistema financeiro nacional, reafirmando sua vocação pública e territorial.
Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025, divulgado pelo Sistema OCB nesta quinta-feira (31), o setor avançou em todos os principais indicadores: cresceu a carteira de crédito, aumentaram os ativos, a rede de atendimento se expandiu e, em 469 municípios, as cooperativas seguem sendo a única instituição financeira com presença física.
Atualmente, o Brasil conta com 689 cooperativas de crédito, que somaram R$ 514,7 bilhões em operações de crédito ao longo do ano.
Os ativos totais ultrapassaram R$ 885,3 bilhões, um salto de 21,1% em relação a 2023. A rede física passou a contar com 422 novos pontos de atendimento, distribuídos em todos os estados.
Com mais de 20,1 milhões de cooperados e 120 mil empregados, o setor demonstra um modelo de negócio que alia capilaridade, confiança e compromisso com o desenvolvimento local.
Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde há maior concentração de cooperativas, a presença em municípios de pequeno e médio porte reforça a função das cooperativas como agentes de inclusão bancária, fomento ao empreendedorismo e redução de desigualdades econômicas.
Em contraste com os bancos tradicionais, as cooperativas operam com princípios de mutualismo e reinvestimento nas comunidades, os associados são, ao mesmo tempo, clientes e donos da instituição, com voz ativa nas decisões e participação direta nos resultados.
Além de oferecer taxas mais acessíveis e crédito facilitado, inclusive para o setor rural e pequenos negócios, o modelo devolve parte dos excedentes econômicos proporcionalmente à movimentação financeira dos cooperados.
Em 2024, foram R$ 51,4 bilhões em sobras distribuídas, um crescimento de 32% em relação ao ano anterior, recursos que movimentam o comércio local e reforçam o papel das cooperativas como motores do desenvolvimento regional.

A expansão do cooperativismo de crédito ocorre em paralelo à transformação digital do setor. Novos aplicativos, plataformas e integração com sistemas de pagamento instantâneo aumentaram a eficiência sem comprometer a proximidade e o atendimento humanizado, elementos que continuam sendo diferenciais relevantes.
O crescimento do número de cooperados também chama atenção: o Brasil alcançou a marca de 25,8 milhões de associados em 2024, o equivalente a 12,14% da população total e a 23,32% da população ocupada.
Em cinco anos, o salto foi de 66%. Ao todo, o país tem 4.384 cooperativas, espalhadas por 3.586 municípios.
O Anuário aponta ainda a criação de 578 mil empregos diretos no setor cooperativista, um avanço de 5% frente a 2023, mais do que o triplo da taxa de crescimento da força de trabalho nacional.
A participação feminina também avançou: elas representam agora 52% do quadro de empregados nas cooperativas.
Em termos econômicos, o desempenho também foi expressivo. A soma dos ingressos das cooperativas brasileiras atingiu R$ 757,9 bilhões, alta de 9,5% sobre 2023, quase o triplo do crescimento do PIB nacional no mesmo período. O pagamento de salários e encargos sociais cresceu 30,9%, chegando a R$ 41,5 bilhões. “O cooperativismo não está apenas presente onde os bancos não chegam.
Ele está transformando a lógica de acesso ao crédito, de geração de emprego e de inclusão produtiva em milhares de comunidades brasileiras”, destacou o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.
O modelo cooperativista se afirma, mais uma vez, como alternativa sólida à concentração financeira, com capacidade de gerar impacto local e ampliar as oportunidades onde elas são mais necessárias.
Foto: Stephen Kong/Unsplash
