Empreender pode ser um ato competitivo, mas não precisa ser. O empreendedorismo cooperativo surge como uma alternativa inovadora e inclusiva à lógica tradicional do mercado, onde o coletivo se sobrepõe ao individualismo, sem abdicar da inovação, da autonomia e da sustentabilidade.
O que é empreendedorismo cooperativo?
O empreendedorismo cooperativo é a prática de criar e desenvolver negócios por meio de modelos de cooperativa, nos quais os participantes (os cooperados) são, ao mesmo tempo, donos, gestores e beneficiários das decisões e dos lucros.
O foco deixa de ser o lucro individual e passa a ser o bem-estar coletivo, equilibrando resultados econômicos com impacto social.
Quando surgiu o empreendedorismo cooperativo?
Embora o cooperativismo como sistema tenha nascido oficialmente em 1844 com os Pioneiros de Rochdale, na Inglaterra, o conceito de empreendedorismo cooperativo é uma leitura contemporânea, que começou a ganhar destaque a partir das crises econômicas globais do final do século XX e início do XXI.
Nesse cenário, empreender coletivamente passou a ser uma resposta concreta às limitações do modelo tradicional de negócios.
Como funciona o empreendedorismo coletivo?
Ele funciona com base em quatro pilares principais:
- Adesão voluntária e aberta — qualquer pessoa pode participar;
- Gestão democrática — um cooperado, um voto;
- Participação econômica — lucros são divididos proporcionalmente à participação;
- Autonomia e independência — embora colaborativo, o modelo preserva a liberdade de atuação.
Além disso, cada membro contribui com seu talento, expertise e recursos, promovendo um ambiente de confiança mútua, responsabilidade compartilhada e resiliência econômica.
Como cooperativismo e empreendedorismo se relacionam?
O cooperativismo é o alicerce organizacional e cultural. O empreendedorismo é a prática que movimenta esse alicerce com inovação, geração de valor e competitividade.
Quando unidos, formam uma combinação poderosa: organizações mais humanizadas, ágeis e resilientes, capazes de prosperar sem abandonar seus valores.
Cooperar pode ser uma forma mais simples de empreender?
Sim, e com vantagens consideráveis:
- Menor risco individual, já que o investimento e as decisões são compartilhados;
- Maior acesso a recursos, por meio da união de talentos e capital;
- Rede de apoio desde o início, evitando a solidão do empreendedor clássico;
- Força coletiva de negociação, seja com fornecedores, clientes ou instituições.
Empreender cooperando é, muitas vezes, mais simples e mais sustentável.
Quais as diferenças entre empreendedorismo capitalista e cooperativo?
As diferenças entre o modelo capitalista tradicional e o cooperativo são marcantes.
No modelo capitalista, a propriedade e o controle da empresa estão concentrados nas mãos de indivíduos ou acionistas, e o objetivo principal é o lucro individual.
A tomada de decisões segue estruturas hierárquicas, e os lucros são distribuídos conforme o capital investido.
Já no empreendedorismo cooperativo, a propriedade é coletiva, as decisões são tomadas de forma democrática, onde cada membro tem voz ativa e os lucros são repartidos conforme a participação de cada cooperado.
A cultura é pautada na colaboração, não na competição, e o modelo é inclusivo por essência, permitindo que mais pessoas tenham acesso à criação e gestão de negócios.
Impacto do empreendedorismo cooperativo
O impacto desse modelo é profundo, tanto no plano econômico quanto social:
- Geração de renda com justiça social;
- Redução da desigualdade;
- Fortalecimento de economias locais;
- Promoção da inclusão produtiva de minorias;
- Estímulo à inovação de forma compartilhada e ética.
Empreender de forma cooperativa é construir negócios com alma, propósito e futuro.
Em tempos em que a lógica do “cada um por si” mostra sinais de esgotamento, o empreendedorismo cooperativo surge como um farol de inovação consciente.
Conclusão
O empreendedorismo cooperativo não é apenas uma forma alternativa de empreender, é uma revolução silenciosa que reposiciona o papel do negócio na sociedade.
Ele une propósito e prosperidade, autonomia e apoio mútuo, inovação e equidade.
Em um mundo cada vez mais interconectado e sensível à responsabilidade social, cooperar não é apenas uma escolha mais humana, é também uma estratégia inteligente.
Para quem deseja empreender com consistência, impacto e valores, o caminho cooperativo é mais do que viável, é visionário.