O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (6) que a valorização do real nos últimos meses tem sido um dos principais fatores por trás da desinflação mais acentuada nos bens em comparação aos serviços. A declaração foi feita durante evento da Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC), em São Paulo.
Segundo Galípolo, parte desse movimento decorre da desvalorização global do dólar, mas o desempenho da moeda brasileira se destaca entre os países emergentes.
“O México, por exemplo, não sofreu uma desvalorização aguda no último trimestre do ano passado. E neste ano, o real vem desempenhando melhor do que seus pares. Essa apreciação cambial explica por que estamos vendo uma desinflação mais rápida em bens e ainda lenta em serviços”, afirmou.
O presidente do BC também destacou que o chamado “índice de mal-estar”, que combina os níveis de desemprego e inflação, deve encerrar 2025 no melhor patamar histórico, refletindo uma sensação de bem-estar econômico diante do baixo desemprego e da inflação projetada abaixo de 5%.
Galípolo previu ainda uma desaceleração nas concessões de crédito, em linha com o caráter restritivo da política monetária.
“Esperamos que o crédito apresente uma desaceleração, é o esperado com a elevação dos juros”, explicou.
Ele destacou que a queda mais expressiva ocorre no crédito consignado para beneficiários do INSS, devido à exigência de biometria para novos empréstimos, e no “risco sacado” para pessoas jurídicas, que caiu 15% no trimestre encerrado em julho, em parte devido à tributação do IOF.
Apesar da política monetária mais dura, Galípolo avaliou que a economia segue resiliente, com sinais de acomodação em alguns setores. Ele citou a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que se mantém praticamente estável desde o terceiro trimestre de 2024, descontado o impacto de uma importação pontual de plataforma de petróleo.
“É importante analisar esses indicadores para entender o que é ruído e o que é tendência”, disse Galípolo, acrescentando que o crescimento econômico deve se suavizar em 2025.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

