Haddad prepara diálogo com secretário do Tesouro dos EUA

Haddad prepara diálogo com secretário do Tesouro dos EUA para conter impacto do tarifaço

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir nesta semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em tentativa de distensionar as relações comerciais entre os dois países após a imposição de novas tarifas às exportações brasileiras. 

A iniciativa tem como objetivo abrir caminho para um eventual encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.

“Tive contato com a equipe do Bessent para fazermos uma reunião na próxima semana. Entendemos que as relações comerciais não devem ser afetadas pelas percepções políticas de qualquer natureza. 

Tenho certeza que uma conversa com o Bessent vai pavimentar o caminho para um encontro, se for da conveniência dos dois presidentes”, afirmou Haddad em coletiva.

Em entrevista à CNN, o ministro reforçou que o governo brasileiro pretende “despolitizar” o debate com as autoridades norte-americanas e que não abandonará a mesa de negociações, mesmo com a entrada em vigor das sobretaxas. 

As tarifas, previstas em ordem executiva assinada por Trump, estabelecem alíquotas de 50% sobre diversos produtos do Brasil, sob a justificativa de uma “emergência nacional”.

Apesar do impacto, a Casa Branca excluiu cerca de 700 itens da lista, incluindo aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro. 

Com isso, 44,6% das exportações brasileiras ficaram de fora do tarifaço, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Outro tema sensível que pode integrar a pauta do encontro é a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Haddad, a intenção é esclarecer ao Tesouro norte-americano como se dá a independência dos Poderes no Brasil.

Embora a data exata do encontro com Bessent ainda não tenha sido definida, o ministro se mostrou disposto a realizar a conversa presencialmente. Há também a possibilidade de o vice-presidente Geraldo Alckmin, que comanda o MDIC, ser designado para negociar diretamente com as autoridades norte-americanas.

No campo político, a expectativa por um contato direto entre os chefes de Estado não está descartada. 

Após Donald Trump afirmar que Lula poderia “ligar a qualquer momento”, o presidente brasileiro respondeu que está aberto ao diálogo. “Vamos ver o que acontece, eu amo o povo brasileiro”, disse Trump, antes de criticar: “As pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”.

Mesmo antes dessas declarações, auxiliares de Lula já cogitavam uma eventual reunião durante a Assembleia Geral da ONU, marcada para a segunda semana de setembro, em Nova York. 

No entanto, por ora, a possibilidade é considerada apenas uma hipótese. Para Haddad, a sinalização de Trump deve ser levada a sério. “A recíproca é verdadeira. Precisamos preparar o terreno para esse diálogo”, afirmou o ministro.

Foto: Lula Marques/ Agência Braasil.

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