Nos últimos anos, a inteligência artificial tem se expandido por toda a internet,de textos jornalísticos a vídeos curtos no Instagram.
Hoje, a tecnologia é capaz de compor músicas, criar imagens e produzir conteúdos completos em poucos segundos. Mas, ao contrário do que se imaginava, essa automação não parece diminuir o valor do trabalho humano.
Uma pesquisa da Reuters, realizada em seis países, mostrou que 62% dos entrevistados preferem conteúdos criados por pessoas reais, enquanto apenas 12% se sentem à vontade com notícias geradas totalmente por IA.
O dado revela que, mesmo em meio ao avanço tecnológico, a autenticidade segue sendo um diferencial importante para o público.
Para Vivek Shah, CEO da editora Ziff Davis, a inteligência artificial não representa uma ameaça ao jornalismo, mas uma oportunidade de reafirmar o papel da criação humana.
Em entrevista ao podcast Channels, ele afirmou acreditar que “ainda preferimos palavras, sons e vídeos criados por humanos”, reforçando a importância da conexão emocional entre criador e público.
Especialistas em pesquisa e SEO também acreditam que o novo comportamento dos buscadores baseados em IA, como o AI Mode e o AI Overviews do Google, deve aumentar o valor do conteúdo original.
Segundo Lily Ray, vice-presidente de Estratégia de SEO na Amsive, os usuários buscarão cada vez mais materiais autênticos, produzidos por pessoas que oferecem contexto, opinião e experiência real.
Com o uso crescente da inteligência artificial, editoras e veículos de comunicação passaram a adotar estratégias para proteger seus conteúdos.
Grupos como o New York Times, Penske Media (dona da Variety e Rolling Stone) e a própria Ziff Davis processaram empresas de tecnologia, incluindo Google e OpenAI, por uso indevido de material jornalístico no treinamento de modelos de IA.
Essas disputas mostram o novo embate entre o direito autoral e a evolução tecnológica. Para muitos especialistas, a batalha jurídica pode não impedir o avanço da IA, mas reforça a necessidade de transparência e remuneração justa no uso de conteúdos jornalísticos.
Outro ponto de atenção é o impacto da IA na forma como os conteúdos aparecem nas pesquisas. Segundo Shah, as respostas geradas por modelos de linguagem já estão substituindo o acesso direto aos sites, o que pode afetar o tráfego de publicações.
“Se você olhar para as citações em chatbots, verá que as fontes estão mudando, de veículos jornalísticos para fontes de marketing”, alertou.
Com isso, cresce o debate sobre credibilidade, curadoria e independência editorial em um ambiente dominado por algoritmos.
Embora a IA esteja cada vez mais integrada ao processo criativo, o público ainda demonstra resistência a conteúdos sem identidade humana.
Em meio à automação crescente, surge uma nova oportunidade para jornalistas, artistas e comunicadores: reafirmar o valor da narrativa autêntica, construída por experiências, emoções e contextos reais.
Em um cenário digital moldado por algoritmos, a criatividade humana pode ser, paradoxalmente, o próximo grande diferencial.

