Você já se perguntou como seria um mundo onde precisaríamos de aproximadamente 132 anos para atingir a paridade de gênero em posições de liderança?
Infelizmente, não se trata de uma história de terror ou algum conto dentro da ficção, mas sim sobre a realidade do mundo corporativo e do mercado de trabalho. O estudo sobre desigualdade de gênero no mundo realizado pelo Fórum Econômico Mundial elaborou essa projeção.
Felizmente, nos últimos dez anos, houve uma redução na diferença entre a remuneração dos homens em relação às mulheres no Brasil. O índice que mede a paridade de remuneração passou de 72, em 2013, para 78,7, em 2023. A paridade de gênero é medida em uma escala de 0 a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior a equidade entre ambos os profissionais.
No entanto, a mão de obra feminina continua sofrendo com condições desiguais no mercado de trabalho. Isso significa que uma brasileira recebe, em média, 78% da remuneração de um homem, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa diferença aumenta quanto mais alto for o cargo ocupado — mulheres em posição de liderança chegam a receber cerca de 34% menos em relação aos profissionais do gênero masculino que ocupam o mesmo cargo.
Na teoria, a desigualdade na remuneração já é proibida por lei, além de ser moralmente abominável, o problema reside na ausência de mecanismos que garantam que a lei seja cumprida.
Infelizmente, essa realidade tem trazido consigo diversos obstáculos dentro do mercado de trabalho para o desenvolvimento, valorização e reconhecimento do público feminino em diversas áreas.
Com isso em mente, vamos nos aprofundar sobre as injustiças vividas pelo público feminino no ambiente corporativo, além de sinalizar suas contribuições extremamente valiosas, ressaltar figuras que inspiram sua força e resiliência, além de pontuar como o cooperativismo pode ser um aliado em todos esses processos.
Índice:
- O quê tem sido feito?
- Eficiência da liderança feminina
- Contribuições da liderança feminina
- Estratégias para promover a liderança feminina
- Figuras inspiradoras
- E o cooperativismo? Como ele auxilia nesse processo?
- Conclusão
O quê tem sido feito?
Com o intuito de mitigar a diferença histórica na remuneração entre homens e mulheres. A Lei nº 14.611/2023, promulgada em 4 de julho de 2023, foi proposta pelo Poder Legislativo. Esta lei introduziu medidas inovadoras, como a implementação de mecanismos de transparência de remuneração e a criação de canais específicos para denúncias de discriminação na remuneração.
No entanto, mesmo que bem intencionadas, essas medidas foram inicialmente estabelecidas de maneira genérica. Para preencher essas lacunas, foram publicados o Decreto nº 11.795/2023 e a Portaria nº 3.714/2023 do Ministério do Trabalho e Emprego, respectivamente em 23 e 27 de novembro de 2023. Estas normas se aplicam a empresas privadas com cem ou mais empregados que operam no território brasileiro.
A nova regulamentação estabelece regras para o Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios. Este relatório visa realizar uma comparação objetiva entre a remuneração e a proporção de ocupação de cargos entre homens e mulheres.
Eficiência da liderança feminina
Um estudo conduzido pela organização Leadership Circle, com base em análises de mais de 84 mil líderes e 1,5 milhão de avaliadores (incluindo diferentes níveis hierárquicos), revela que as lideranças femininas demonstram maior eficácia do que suas contrapartes masculinas em todos os níveis de gestão e faixas etárias.
Ademais, a pesquisa encomendada pela Agência Virta e conduzida pelo Instituto Qualibest identificou as principais dificuldades enfrentadas pelas líderes femininas e a percepção de ambos os gêneros em relação às lideranças femininas.
O estudo revelou que homens e mulheres têm opiniões divergentes sobre as características mais proeminentes das mulheres líderes. Enquanto elas enfatizam suas habilidades na resolução de problemas, os homens destacam a excelente capacidade de comunicação das mulheres. Outros aspectos mencionados pelos participantes incluem empatia, inteligência emocional e determinação na tomada de decisões.
Contribuições da liderança feminina
O relatório The Ready-Now Leaders da Ong Conference Board destaca um fato impressionante: organizações que contam com pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança têm 12 vezes mais chances de figurar entre os 20% melhores em termos de resultado financeiro.
Este dado não apenas sublinha o impacto positivo que o público feminino pode ter no sucesso de uma organização, mas também reforça a importância da liderança feminina no ambiente de trabalho.
Cada uma dessas contribuições têm um impacto significativo na cultura e no desempenho de uma organização. Vamos explorar cada uma dessas contribuições em detalhes nas próximas seções.
- Valorização do ambiente cooperativo:
Trabalho em equipe ocorre naturalmente, com um senso mais voltado para trabalhos em grupo.
- Atração de talentos:
Empresas com lideranças femininas são mais atraentes para profissionais que valorizam a diversidade e a inclusão.
- Mentalidade inovadora:
Por serem menos relutantes em mudar, as mulheres podem mudar a direção de uma empresa, permitindo a participação de outras. Em geral, elas são mais flexíveis.
- Sensibilidade a questões sociais:
Mulheres em posições de liderança tendem a ter maior sensibilidade às questões sociais, resultando em estratégias mais éticas e sustentáveis.
- Diversidade e Inclusão:
Elas fortalecem a identidade individual de seus pares, promovendo a participação igualitária na tomada de decisões.
Estratégias para promover mais a liderança feminina
Atualmente, existem diversos caminhos para aumentar a diversidade e inclusão de mulheres nas organizações. Tais estratégias de liderança, funcionam para ser possível gerar mais diversidade nas empresas. E como resultado, trazendo inúmeros benefícios para elas.
- Mentoria:
Desenvolva programas de mentoria que conectem mulheres com líderes experientes que possam guiá-las e auxiliá-las a progredir profissionalmente.
- Capacitação:
Proporcione oportunidades que auxiliem as mulheres a adquirir as competências necessárias para assumir cargos de liderança.
- Flexibilidade no ambiente corporativo:
Este aspecto pode ajudar a equilibrar suas obrigações profissionais e pessoais, facilitando a sua ascensão a posições de maior responsabilidade.
- Reconhecimento:
Reconheça-as por suas contribuições e conquistas. Isso pode incentivar a se manifestarem e assumirem funções de liderança.
- Fomente um ambiente inclusivo:
É de suma importância estabelecer uma cultura corporativa que respeite e aceite as diferenças. Isso inclui a criação de políticas e práticas que promovam o respeito mútuo, independentemente do gênero.
- Tenha boas referências:
Além de todos esses fatores, é de suma importância ter em mente exemplos de inspiração que auxiliem nessa jornada, veremos alguns a seguir.
Figuras inspiradoras
Em todas as esferas, encontramos referências de sucesso que podem nos inspirar a alcançar nossos objetivos. Quando falamos de liderança feminina, essas figuras assumem um significado ainda maior.
Elas quebram barreiras, desafiam estereótipos e pavimentam o caminho para futuras gerações. Algumas dessas figuras que podemos citar são:
Luiza Trajano
Um dos maiores exemplos de empreendedorismo no Brasil, Luiza Trajano se tornou uma das mulheres na liderança do tão disputado varejo brasileiro. A sua firmeza e determinação foram essenciais para que conseguisse desenvolver a conhecida rede Magazine Luiza, um exemplo de marca que lidera há anos o mercado nacional.
Oprah Winfrey
Apesar das origens humildes e das dificuldades enfrentadas na infância e adolescência, se graduou em Comunicações e Artes Cênicas e deu seus primeiros passos como repórter e âncora de uma emissora do Tennessee, nos Estados Unidos.
Atualmente, foi a primeira mulher negra a ser incluída na lista de bilionários, Winfrey também é parceira de um canal de TV a cabo voltado para o público feminino.
Sheryl Sandberg
A executiva foi a primeira do sexo feminino a assumir o cargo diretora de operações no Facebook. Antes de virar sócia, atuou como vice-presidente de vendas globais e operações online no Google.
Mas não é só isso: reconhecida pelas revistas Forbes e Time como uma das mulheres mais poderosas e influentes do planeta, Sandberg também já ocupou o cargo de chefe de gabinete do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.
Eliza Brieley
Elisa Brierley era a única tecelã inglesa em um grupo composto por 28 membros em uma época onde as mulheres não possuíam direitos legais ou civis e eram completamente excluídas da participação econômica igualitária na sociedade.
No entanto, Brierley resolveu contrariar as regras e se tornou a primeira mulher a fazer parte da associação de Rochdale, que foi a primeira cooperativa do mundo. Sua coragem e determinação abriram caminho para que outras mulheres também pudessem contribuir decisivamente para o fortalecimento do setor cooperativista em todo o mundo.
O ativismo de Elisa Brierley simboliza a reverberação das mulheres que escolhem as cooperativas como ambiente de trabalho, justamente porque acreditam nelas como modelo de trabalho democrático e inclusivo.
Angela Merkel
Merkel foi a primeira mulher a liderar a Alemanha, eleita 4 vezes consecutivas. Ela se destacou principalmente pela mediação de conflitos e é vista como uma diplomata exemplar.
Adicionalmente, Merkel foi nomeada a mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes dez vezes seguidas. Essa conquista por si só já evidencia sua importância histórica e representatividade.
E o cooperativismo? Como ele auxilia nesse processo?
Como visto anteriormente, a presença das mulheres na história das cooperativas já vem de longa data, com Elisa Brierley, desde a criação do movimento cooperativista em 1844.
Segundo o Anuário Coop 2023, dos 20 milhões de cooperados em território nacional, as mulheres representam 41% desse número total.
Como modelo de trabalho cooperativista é baseado na cooperação e na colaboração entre seus membros. Ele pode ser um aliado poderoso na promoção da igualdade e na capacitação das mulheres no ambiente corporativo. Aqui estão algumas maneiras pelas quais o cooperativismo pode auxiliar nesse processo:
- Promoção da igualdade:
Pode parecer algo simples à primeira vista, mas as cooperativas são baseadas em princípios democráticos, o que significa que todos os membros têm direito a voto, independentemente de seu gênero. Isso pode ajudar a garantir que as vozes das mulheres sejam ouvidas e que elas tenham a oportunidade de influenciar as decisões que afetam suas vidas profissionais e pessoais.
- Apoio à educação e formação:
Muitas cooperativas oferecem programas de educação e formação para seus membros. Isso pode ajudar as mulheres a aprimorar suas habilidades e conhecimentos necessários para avançar em sua trajetória profissional.
- Melhores condições de trabalho e aproveitamento da remuneração:
As cooperativas estão comprometidas em proporcionar melhores oportunidades para seus membros. Isso significa que elas priorizam garantir condições de trabalho justas e seguras, remuneração adequada e proteção social para todos os seus membros, independentemente do gênero.
Conclusão
A luta pela equidade de gênero no ambiente corporativo é uma jornada contínua, marcada por avanços e desafios. Enquanto medidas legislativas e regulatórias têm sido implementadas para mitigar a disparidade na remuneração e promover a transparência, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a igualdade plena.
A liderança feminina tem se mostrado não apenas eficaz, mas essencial para o sucesso das organizações, trazendo consigo uma gama de habilidades e perspectivas valiosas. No entanto, as mulheres continuam enfrentando obstáculos significativos em sua ascensão a cargos de liderança.
O cooperativismo surge como um aliado poderoso nesse processo, fornecendo as ferramentas necessárias para mitigar ao máximo os impactos sistêmicos do mercado de trabalho em relação à falta de presença do público feminino em posições de destaque.
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