Em 2023, conforme o índice HP de relacionamento com o trabalho, foi constatado que apenas 27% dos trabalhadores avaliados têm atualmente uma relação saudável com suas ocupações.
As empresas e seus gestores de forma geral, cada vez mais, enfrentam esse tipo de cenário. As relações de seus profissionais no ambiente corporativo tem se deteriorado a cada dia que passa, os índices de turnover tem aumentado e a insatisfação no trabalho tem sido uma realidade cada vez mais presente.
O modelo SCARF é justamente uma metodologia criada para resolver esse tipo de situação. Sendo uma interseção entre a neurociência e a psicologia organizacional, proposto por David Rock no início dos anos 2000 e sendo aperfeiçoada ao longo dos anos.
Essa abordagem visa gerenciar as relações sociais e emocionais dos profissionais no ambiente corporativo, buscando aprimorar as relações dos profissionais de uma forma mais saudável em sua vida profissional e pessoal.
A seguir, será aprofundado sobre suas principais características e sua relação com o modelo cooperativista. Desta forma, traçando caminhos em conjunto que auxiliam a melhora do engajamento e a produtividade da sua equipe.
Índice:
- Ameaças e recompensas da metodologia
- Os cinco domínios do Modelo SCARF
- Melhorando o engajamento dos membros
- Benefícios do uso do Modelo SCARF no cooperativismo
- Conclusão
Ameaças e recompensas da metodologia
Rock estruturou a metodologia em torno de “ameaças” e “recompensas”, categorizando gatilhos sociais que afetam nossa percepção e reação aos eventos do ambiente de trabalho.
As ameaças são ativadas por mudanças de status e incertezas, enquanto as recompensas são percebidas quando há um aumento de status, maior certeza e controle sobre os eventos, melhoria nos relacionamentos e uma sensação de justiça. Essas recompensas ativam sentimentos positivos e podem aumentar a motivação e o engajamento.
Os cinco domínios-chave identificados por Rock que influenciam profundamente as “ameaças” e “recompensas” são:
- Status (Status);
- Certainty (Certeza);
- Autonomy (Autonomia);
- Relatedness (Relacionamento);
- Fairness (Justiça).
Os cinco domínios do Modelo SCARF
- S – Status (Status)
O status é uma forma de avaliar nossa relevância e habilidades em comparação com os demais, contribuindo para nossa sensação de sucesso, pertencimento e valorização.
Sentir-se bem ao receber um certificado de conclusão de curso ou de participação em um evento é uma forma de recompensa de status, que pode ser expressa por meio de títulos, certificados e medalhas.
Quando nosso status aumenta, somos recompensados com a liberação de dopamina, o que nos faz sentir bem. Por outro lado, a diminuição do status pode gerar ansiedade, devido ao aumento dos níveis de cortisol, afetando o bem-estar geral dos profissionais.
- C – Certainty (Certeza)
A certeza é a necessidade de prever o futuro e ter clareza sobre o que esperar. Isso é fundamental para a sobrevivência, pois nosso cérebro está constantemente tentando prever o ambiente ao nosso redor para nos manter seguros.
Em um ambiente de trabalho, a incerteza pode levar ao estresse e à ansiedade, enquanto a certeza pode aumentar a satisfação e a produtividade.
Por exemplo, a incerteza sobre a segurança do emprego ou a direção estratégica da empresa pode criar um ambiente de trabalho estressante. Por outro lado, a clareza sobre o papel de cada um, as expectativas de desempenho e a direção da empresa podem aumentar a sensação de confiança.
- A – Autonomy (Autonomia)
A autonomia refere-se ao senso de controle sobre os eventos em nossa vida. Sentir que temos escolhas e que podemos influenciar os resultados nos dá uma sensação de controle, o que pode reduzir o estresse e aumentar a motivação.
Em um ambiente corporativo, isso pode ser tão simples quanto permitir que os membros tenham flexibilidade em suas horas de trabalho ou envolvê-los na tomada de decisões.
Por exemplo, um colaborador que tem pouco controle sobre seu horário de trabalho ou suas tarefas pode se sentir frustrado e desmotivado.
- R – Relatedness (Relacionamento)
O relacionamento é a conexão que temos com os outros e a sensação de pertencer a um grupo. É uma necessidade humana básica e pode ser uma fonte significativa de motivação.
No local de trabalho, isso pode ser visto na forma como os membros se sentem em relação aos seus colegas e superiores. Um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sentem valorizados e parte de uma equipe pode levar a um maior engajamento e produtividade.
- F – Fairness (Equidade)
A equidade é a percepção de que somos tratados de maneira justa em comparação com os outros. A iniquidade pode levar a um sentimento de ressentimento e desmotivação, enquanto a equidade pode promover a confiança e a cooperação. No local de trabalho, isso pode envolver garantir que as decisões sejam tomadas de maneira transparente e que todos sejam tratados igualmente.
Por exemplo, um colaborador pode se sentir injustiçado se acreditar que está sendo pago menos do que um colega que faz o mesmo trabalho. Da mesma forma, um membro pode se sentir valorizado e motivado se acreditar que seu salário reflete justamente seu trabalho e suas contribuições para a empresa.
Melhorando o engajamento dos membros
Trabalhar de forma mais acentuada para garantir uma qualidade emocional da sua equipe é vital, por isso, é necessário observar alguns pontos importantes que todo gestor deve focar para a melhoria da produtividade e do engajamento de sua equipe. Alguns desses pontos são:
- Status: reconheça as realizações dos membros da equipe para aumentar seu status. Isso pode ser feito por meio de elogios públicos, prêmios ou promoções.
- Certeza: forneça informações claras e consistentes para reduzir a incerteza. Isso pode incluir comunicação regular sobre mudanças na organização ou clareza sobre expectativas de trabalho.
- Autonomia: Dê aos membros da equipe a liberdade de tomar decisões sobre seu trabalho. Isso pode envolver permitir que eles definam seus próprios horários ou escolham suas tarefas.
- Relacionamentos: Promova um ambiente de trabalho positivo e colaborativo. Isso pode ser alcançado por atividades de construção de equipe ou políticas de trabalho flexíveis.
- Autonomia: Dê aos membros da equipe a liberdade de tomar decisões sobre seu trabalho. Isso pode envolver permitir que eles definam seus próprios horários ou escolham suas tarefas.
- Equidade: Garanta que as decisões sejam tomadas de maneira justa e transparente. Isso pode envolver a implementação de processos de tomada de decisão claros e a garantia de que todos os membros da equipe sejam tratados igualmente.
Ao focar na melhoria do engajamento dos membros dentro da sua empresa, é crucial entender como esses princípios podem ser aplicados em diferentes contextos organizacionais.
Com relação ao contexto do cooperativismo, esse modelo apresenta características únicas que promovem o engajamento e a colaboração entre os membros. A seguir, exploraremos como os princípios da metodologia SCARF podem ser ampliados para impulsionar o sucesso e a produtividade em diversas empresas por meio do modelo cooperativista.
Benefícios do uso do Modelo SCARF no cooperativismo
O cooperativismo, por sua própria natureza, é um modelo de trabalho que valoriza a colaboração, a equidade e a participação ativa de todos os membros. Isso se alinha perfeitamente com os princípios do modelo SCARF.
- Status: No cooperativismo, é incentivado que os membros procurem se aperfeiçoar em suas respectivas áreas, além do reconhecimento profissional e financeiro que isso pode trazer. Isso auxilia no aumento do “status” percebido de cada profissional da cooperativa, pois eles se sentem pertencentes e membros de um ambiente colaborativo.
- Certeza: As cooperativas são conhecidas por sua transparência e comunicação aberta. Isso pode proporcionar aos membros uma maior sensação de certeza, pois eles estão cientes das decisões que estão sendo tomadas e do rumo da cooperativa.
- Autonomia: O sistema cooperativo é dirigido democraticamente pelos seus membros, o que proporciona a cada membro um alto grau de autonomia. Eles têm a liberdade de tomar decisões que afetam a cooperativa e seu próprio trabalho, além de uma alta flexibilidade em seus horários.
- Relacionamento: No cooperativismo, há um forte senso de comunidade entre os membros. Isso ajuda a fortalecer os relacionamentos e a sensação de pertencimento.
- Equidade: As cooperativas são baseadas no princípio da equidade. Todos os membros têm direito a um voto, independentemente de sua contribuição financeira. Isso promove um senso de justiça e equidade.
Ao aplicar os princípios do modelo SCARF, as cooperativas podem melhorar ainda mais o engajamento e a produtividade de seus membros. Isso, por sua vez, traz mais produtividade e eficiência para empresas que buscam serviços de maior qualidade e com profissionais mais capacitados para o mercado.
Conclusão
Em um cenário corporativo onde a satisfação e o engajamento dos colaboradores se tornaram desafios cada vez mais evidentes, o Modelo SCARF surge como uma ferramenta vital para redefinir as relações dentro das organizações.
No contexto do cooperativismo, o Modelo SCARF se alinha perfeitamente com seus princípios fundamentais. A aplicação deste modelo em cooperativas pode potencializar ainda mais a colaboração, a transparência e a equidade, características intrínsecas ao cooperativismo.
Ao reconhecer as realizações dos membros (Status), fornecer informações claras e consistentes (Certeza), permitir a liberdade de tomada de decisões (Autonomia), promover um ambiente de trabalho positivo e colaborativo (Relacionamento) e garantir que as decisões sejam tomadas de maneira justa e transparente (Equidade), as cooperativas podem criar um ambiente de trabalho que não apenas melhora o engajamento e a produtividade, mas também promove um senso de pertencimento e satisfação entre os membros.
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