As startups têm conquistado espaço como motores de transformação no mercado, com modelos ágeis, escaláveis e orientados à inovação.
Mas em um cenário de retração nos investimentos, como aponta a Sling Hub, que registrou queda de 50% no volume de aportes de venture capital na América Latina em setembro de 2023, encontrar meios viáveis para crescer de forma sustentável se torna ainda mais urgente.
É aqui que o cooperativismo pode entrar como um caminho estratégico. Por estruturas organizadas, foco na coletividade e acesso a redes de apoio técnico e operacional, cooperativas abrem novas perspectivas para startups que buscam escalar com inteligência, sem depender exclusivamente do capital tradicional.
O que são startups?
Startups são empreendimentos em estágio inicial, com propostas de inovação e potencial de crescimento acelerado. Costumam explorar nichos de mercado ainda pouco estruturados, oferecendo soluções escaláveis e muitas vezes disruptivas.

O que são cooperativas?
Cooperativas são sociedades formadas por pessoas físicas que se unem para atender a objetivos comuns, promovendo interesses econômicos, sociais e profissionais de seus membros por meio de autogestão. Cada pessoa associada participa ativamente das decisões e usufrui, de forma coletiva, dos resultados alcançados.
Onde os caminhos se cruzam: a revolução das Cooptechs
As Cooptechs nascem da interseção entre o universo das startups e os valores do cooperativismo. Elas representam um novo tipo de organização que une tecnologia e colaboração, atuando como ponte entre inovação e estruturas coletivas, com destaque para o compartilhamento de infraestrutura, conhecimento e até redes de relacionamento.
Esse modelo favorece a evolução das startups sem exigir, necessariamente, investimentos elevados ou ampliação rápida de times internos.
Por que startups devem considerar o cooperativismo?
Para startups que estão amadurecendo suas operações e enfrentando o desafio de crescer com recursos limitados, o cooperativismo oferece alternativas interessantes. A seguir, alguns dos pontos que explicam por que essa aproximação pode ser tão relevante.
1. Otimização de recursos
Cooperativas oferecem estruturas e serviços que podem ser utilizados por startups de forma compartilhada, como espaços físicos, sistemas de TI, suporte jurídico ou administrativo. Isso reduz a necessidade de investimento inicial e simplifica operações.
2. Acesso a uma rede profissional diversificada
Estar em uma cooperativa amplia conexões com outros profissionais qualificados, o que permite desde a troca de experiências até a viabilização de parcerias técnicas.
3. Gestão mais participativa
Modelos cooperativistas valorizam a tomada de decisão coletiva. Startups podem se inspirar nesse formato para desenvolver uma cultura organizacional mais horizontal e engajada, elevando o senso de pertencimento entre colaboradores.
Estratégias colaborativas para startups: inovação aberta
Quando o assunto é desenvolvimento, startups costumam se dividir entre criar soluções internamente ou buscar caminhos mais abertos e colaborativos. Vamos entender melhor essas abordagens e como elas se encaixam na realidade cooperativa.
Inovação aberta
É uma abordagem que envolve trocas com parceiros externos, como outras empresas, universidades ou cooperativas, para desenvolver soluções mais eficazes. Para startups, isso significa acesso a novas ideias, testes em escala real e validação rápida de mercado.
Desenvolvimento interno
Algumas startups preferem manter o controle sobre todo o processo de criação e inovação. Essa via é viável quando a equipe interna já tem estrutura suficiente e domínio técnico sobre o que está sendo desenvolvido.
A escolha entre inovação aberta ou desenvolvimento interno pode ser influenciada pelo estágio da startup, pelo nível de maturidade da solução e pela rede de apoio disponível.

Modelos colaborativos entre startups e cooperativas
A conexão entre startups e cooperativas pode assumir diferentes formatos. A seguir, destacamos alguns modelos de atuação conjunta que ajudam a ampliar as possibilidades de inovação, escalar serviços e criar impacto com mais consistência.
Parcerias estratégicas
Permitem que startups e cooperativas desenvolvam soluções conjuntas. Esse tipo de sinergia otimiza o uso de tempo, recursos e conhecimento
Programas de aceleração
Cooperativas podem oferecer mentorias, infraestrutura e suporte para o desenvolvimento de startups, fortalecendo o ecossistema local.
Incubadoras e hubs
Espaços de desenvolvimento conjunto favorecem a cocriação de soluções com acesso a profissionais e estruturas que uma startup dificilmente teria isoladamente
Co-desenvolvimento de produtos e serviços
A aproximação direta com cooperativas permite criar soluções adaptadas às necessidades dos membros dessas organizações, com mais chance de aceitação e aplicabilidade real.
Modelos de negócio cooperativos aplicáveis a startups
Algumas startups estão indo além da parceria com cooperativas — elas estão adotando princípios cooperativistas em sua própria estrutura de negócio. Veja exemplos de como isso pode funcionar, inclusive no ambiente digital.
Cooperativas de plataforma
Negócios digitais nos quais os próprios usuários participam da gestão e das decisões estratégicas. Favorecem transparência, engajamento e divisão justa dos resultados.
Cooperativas de trabalhadores
Estrutura em que os próprios colaboradores são também os membros da organização. Isso fortalece o comprometimento com os objetivos e aumenta a estabilidade interna
Conclusão
Para startups, atuar em parceria com cooperativas representa mais do que reduzir custos: é uma forma de ampliar horizontes.
Seja compartilhando infraestrutura, criando soluções em conjunto ou acessando redes profissionais qualificadas, o cooperativismo surge como um aliado estratégico, especialmente em momentos onde os caminhos tradicionais de crescimento enfrentam obstáculos.
A força do coletivo, somada à agilidade das startups, pode formar um ecossistema mais inteligente, inovador e resiliente. Ao integrar esses dois universos, novas possibilidades se abrem, com mais conexão, menos desperdício e foco real em soluções que geram impacto.