Apesar do crescimento consistente do cooperativismo no Brasil e no mundo, ainda é comum encontrar mitos e equívocos sobre o funcionamento das cooperativas, o que pode dificultar o acesso a seus benefícios, tanto por parte de empresas quanto da sociedade em geral.
Essas informações imprecisas surgem, muitas vezes, da falta de conhecimento sobre o modelo e da comparação com estruturas tradicionais de mercado, como empresas com fins lucrativos, sindicatos ou entidades públicas.
Neste artigo, desmistificamos os quatro mitos mais recorrentes sobre cooperativas e explicamos, de forma clara e didática, o que é verdade e o que precisa ser revisto.
Mito 1: “Cooperativas funcionam apenas em atividades rurais ou agrícolas”
Esse é um dos equívocos mais comuns e tem raízes históricas. No Brasil, as primeiras cooperativas de grande visibilidade foram do setor agropecuário, o que consolidou a imagem do cooperativismo como um modelo “do campo”.
Mas a realidade atual é bem mais diversa.
✅ A verdade:
O cooperativismo é um modelo organizacional aplicável a qualquer atividade econômica ou social que envolva interesses comuns. Hoje, existem cooperativas atuando com eficiência nos mais variados setores, incluindo:
- Trabalho e serviços especializados
- Saúde (médicos, dentistas, profissionais da enfermagem)
- Educação (professores, educadores, instrutores)
- Crédito (cooperativas financeiras e bancárias)
- Consumo (compra coletiva de bens)
- Tecnologia da informação e produção digital
- Transporte de passageiros e mercadorias
- Infraestrutura e energia
O que define uma cooperativa não é o ramo, mas sim como é organizada e gerida: sem fins lucrativos, com gestão democrática e foco no coletivo.

Mito 2: “Cooperativas não são confiáveis”
Esse mito, infelizmente, ainda é reforçado por narrativas distorcidas, inclusive de instituições concorrentes, como bancos tradicionais, que questionam a segurança ou a estabilidade das cooperativas.
✅ A verdade:
Cooperativas sérias e legalmente constituídas seguem regras rigorosas de governança, controle e auditoria, definidas pela legislação brasileira (Lei 5.764/71 e Lei 12.690/2012) e pelas entidades representativas, como a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
No caso das cooperativas de crédito, por exemplo:
- Elas são fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil;
- Têm índices de inadimplência mais baixos do que bancos tradicionais;
- Aplicam taxas menores justamente por não visarem lucro e por redistribuírem os resultados entre os cooperados.
Ou seja: a confiabilidade depende da estrutura e da seriedade da cooperativa, e não do modelo em si. Assim como em qualquer outro setor, o importante é escolher instituições regulares, bem geridas e transparentes.
Mito 3: “Sindicato e cooperativa são o mesmo”
Ambos defendem interesses coletivos, sim. Mas os objetivos, a estrutura e a atuação são completamente distintos.
✅ A verdade:
Sindicatos são organizações que representam uma categoria profissional específica, e sua atuação está ligada principalmente às negociações trabalhistas (salários, direitos, convenções coletivas etc.).
Já as cooperativas de trabalho reúnem profissionais autônomos de áreas variadas, organizados de forma autogerida, sem vínculo empregatício e com foco na prestação de serviços ao mercado.
- Sindicato: relação com empresas empregadoras.
- Cooperativa: relação direta com o mercado e com a coletividade dos próprios membros.
Ambos têm valor, mas atuam em esferas diferentes. A cooperativa não substitui o sindicato, assim como o sindicato não supre o papel produtivo e operacional de uma cooperativa.
Mito 4: “A cooperativa só beneficia os próprios membros”
Essa percepção está na contramão dos princípios fundamentais do cooperativismo, especialmente o interesse pela comunidade.
✅ A verdade:
Toda cooperativa é formada para atender às necessidades de seus membros, mas os impactos positivos se estendem à sociedade, ao entorno e à economia local.
Exemplos concretos:
- Uma cooperativa de profissionais da saúde oferece serviços de qualidade e custo acessível para a população.
- Uma cooperativa de reciclagem gera renda para famílias e contribui com o meio ambiente.
- Uma cooperativa de professores promove acesso à educação em regiões com escassez de estrutura pública.
- Uma cooperativa de trabalho presta serviços especializados para empresas, gerando dinamismo e inovação no mercado.
Além disso, cooperativas pagam tributos, movimentam a economia, capacitam seus membros e criam redes de apoio em territórios muitas vezes desassistidos pelo poder público ou pelas empresas convencionais.
Conclusão: informação é a chave para entender (e confiar) no cooperativismo
Mitos surgem quando o conhecimento é raso. E o cooperativismo, como modelo que prioriza pessoas, inclusão e desenvolvimento coletivo, precisa ser conhecido de forma mais ampla e profunda.
Ao entender o que é uma cooperativa, como ela funciona e quais princípios a orientam, fica mais fácil enxergar seu valor estratégico, tanto para quem deseja contratar serviços quanto para quem busca uma forma mais colaborativa e justa de trabalhar.
Se restar alguma dúvida, conte com a gente. A Corporis Brasil está pronta para ajudar você a entender esse modelo com clareza, segurança e seriedade.